quinta-feira, 29 de julho de 2010

Busca Pela Unificação



Prólogo: A cidade de Porto-Carmesim


- Porto-Carmesim a vista! - Os gritos que ecoavam pela velha estrutura de todo o navio rompiam com a tranqüilidade que seguira durante toda a viagem. O sol apresentava seus primeiros raios anunciando mais um dia que estava por vir enquanto a embarcação Beld III, navio mercante que tinha em suas velas o escudo de Amartherion, enfim adentrava a orla de Porto-Carmesim.

O convés foi em questão de alguns segundos tomado pelos marinheiros que nos seus postos davam início aos preparativos para que o navio aportasse com segurança. A nau de duas velas não era grande, porém, devido à grande quantidade de embarcações na orla, o capitão, que mal teve tempo de se vestir e ainda terminava de amarrar os longos cabelos, atentava-se a cada pequeno detalhe executando com precisão as manobras necessárias. Sua atenção, que até então se mantinha nas manobras que efetuava também se voltou para uma voz que surgira no convés.

- Bom dia capitão, enfim chegamos a Porto-Carmesim? - Perguntava com voz de quem acabara de acordar um jovem rapaz. Aparentava vinte anos e vestia um peitoral de aço que compunha com placas de metal que se estendiam por seus braços e pernas. O jovem que subia até o casario por uma escada possuía a pele clara e cabelos castanhos cortados ao estilo militar, castanha também era a cor de seus olhos. Sua barba por fazer revelava o tempo que estivera em mar.

- Sim. – Respondeu o velho capitão enquanto coçava sua longa barba grisalha. Manteve alguns segundos em silêncio, e com o olhar voltado para frente perguntou ao rapaz.

– Diga-me uma coisa meu jovem... Pelo jeito nunca vieram a esta cidade não é?

O rapaz acenando negativamente com a cabeça espreguiçou-se em seguida.

- Só ouvimos falar, e pelo jeito tudo o que nos foi dito parece verdade. Impressiona-me tantas embarcações e tanto movimento já nas primeiras horas do dia. – O rapaz olhando na direção do porto com os olhos entreabertos – Parece haver centenas de homens carregando e descarregando aqueles navios.

- Não é à-toa que Porto-Carmesim cresceu tanto, e com certeza é a cidade do sul que mais progrediu nesses últimos tempos... – Rompendo bruscamente o assunto o capitão gritou a um marinheiro - Ei Átila! Maldição abaixe logo essas benditas velas! – Em seguida resmungando coçou a barba rapidamente com ambas a mãos e segurou novamente o timão – Oras! Anahita, a senhora das águas nos permitiu uma viagem tão calma, e no fim dela esse infeliz quer que enfiemos nossa velha nau porto adentro.

O jovem, divertindo-se com a cena, colocou uma de suas mãos no ombro esquerdo do velho ranzinza e retomou a conversa.

- Sabe que tens minha eterna gratidão. Sem sombras de dúvida seria muito mais complicado sem seu auxilio meu tio. – Deu alguns tapinhas no ombro do capitão que sem graça com a situação se pois a falar.

- O que sei é que seu pai não ficará nada contente, isso é o que sei! – Retribui os leves tapas que recebera – Ian meu sobrinho, não se iluda por nossa tranqüila viagem. É sensato e sabes que além de comerciantes e seus navios mercantes o progresso da cidade também trouxe consigo, mercenários e ladrões. – puxou fortemente o muco de seu nariz e com uma das mãos no timão esticou-se em direção a borda esquerda do navio lançando seu cuspe para fora da embarcação – Até piratas existem por essas bandas! Nem andar por aqui vocês sabem... – balançando a cabeça - Não duram três dias.

- Acalme-se velho marujo, sei onde estamos nos enfiando. Um amigo estará nos esperando em uma taberna próxima do porto, além disso, não pretendemos ficar por muitos dias – desceu as escadas do casario localizado no tombadilho e continuou – Vou pegar minhas coisas e ver como Nullmur está. Com certeza, ele mais do que todos, irá se alegrar com nossa chegada... – Ambos riram e no momento que Ian entrou em uma das cabines da embarcação o grito do velho capitão rasgou a refrescante brisa trazida por aquela manhã.

- Jogar âncora!

Quatro marinheiros imediatamente se dirigiram até a âncora da proa e com muito esforço a lançaram no mar. A nau Beld III, logo diminuiu ainda mais sua velocidade facilitando a execução das manobras e aos poucos se aproximou do porto.

Os agradáveis ventos da região se extinguiam na medida em que o sol aparecia dando lugar ao grande calor típico da região. A costa profunda de Porto-Carmesim possuía grandes molhes de madeira que adentravam o oceano, porém, não suficientes para que todas as embarcações que ali estavam pudessem atracar.

A orla fervilhava com os inúmeros navios ancorados, e o transporte das mercadorias e passageiros era realizado, em sua grande maioria, por pequenos barcos que partiam dos molhes até as embarcações ancoradas na costa, carregando-as e descarregando-as. Poucas eram as embarcações que conseguiam de fato atracar no porto, e para sorte de Ian e Nullmur a nau onde se encontravam era uma delas.

O velho capitão, tio de Ian, cumprimentava muitos marinheiros e capitães de outros navios revelando possuir muitos amigos por ali. Além disso, assim que atracou fora muito bem recebido pelos trabalhadores apresentando desfrutar de certa influência na região.

A pouca carga que estava na velha nau rapidamente fora descarregada com a ajuda de Ian e Nullmur que enfim se viram prontos para continuarem seu caminho. Com abraços calorosos e apertos de mão os dois se despediram dos marinheiros que os acompanharam durante a viagem. Em seguida despediram do capitão.

- Meu tio mais uma vez obrigado. – Ian que agora portava uma grande espada de cabo dourado bem ornamentado embainhada em sua cintura abraçou fortemente seu tio – Agora devemos seguir por terra velho marujo, desejo-lhes uma boa viagem de volta.

- Espero que se cuidem e regressem em breve. – Disse o capitão enquanto retribuía o abraço que durou alguns segundos. Em seguida virou-se para Nullmur um jovem rapaz de olhos castanhos e cabelos pretos e lisos que batiam um pouco acima do ombro estendendo-lhe a mão. – Foi bom viajar com vocês meus jovens, mesmo não vendo muito Nullmur durante o trajeto... – Todos se puseram a rir. Nullmur, trajando uma leve veste cinza bordada em vermelho típica de Amartherion, segurou a grande mochila de couro que carregava com uma das mãos e estendeu a outra ao velho capitão.

- Confesso-lhe Capitão, o mar não fora feito para mim. Bastava apenas colocar um de meus pés no convés e os olhos naquela imensidão azul que jogava para fora tudo o que tinha em minha barriga. – levou as duas mãos à pesada mochila que carregava e com um pouco de dificuldade colocou-a nas costas - Temi ser jogado para fora do navio juntamente com meus vômitos!

O capitão que engasgara devido à risada que deu, recebeu alguns tapas em suas costas dados por seu sobrinho Ian. Recuperou-se em seguida ainda rindo um pouco e após pigarrear algumas vezes disse.

- Ainda bem que levou essa hipótese em consideração meu jovem, se vomitasse mais uma vez em meu convés, o levaria amarrado no bico de minha proa! – Risos seguidos por alguns segundos de silêncio. Por um curto espaço de tempo os olhares se internalizaram trazendo um momento de reflexão. Talvez essa fosse à última vez que esse encontro ocorreria.

Livrando-se dos pensamentos ruins que lhe preenchiam a mente, o Capitão, mostrou aos jovens onde ficava a taverna citada anteriormente por Ian.

- Bem, Rum Carmim, a tal taverna, fica naquela rua mais movimentada, onde estão as barracas. Estão vendo? – O Capitão indicou com a mão o caminho seguido pelos olhares de Ian e Nullmur que logo em seguida acenaram com a cabeça positivamente. – Sigam por ela, e avistarão uma grande tabuleta com seu nome. Rapazes peço-lhes novamente para que sejam cautelosos e evitem conversas desnecessárias com desconhecidos, não se pode confiar em muitas gente nessa cidade.

- Obrigado meu tio. Também peço que acalme seu coração, pois, tomaremos os cuidados necessários. – Respondeu Ian acatando os conselhos de seu tio. – Voltamos em poucas semanas. Pelo menos assim espero.



Capítulo I: O rei de Porto-Carmesim?

As últimas palavras de despedida foram feitas, o velho capitão voltou para sua nau e Ian e Nullmur seguiram pela rua indicada pelo velho capitão. Como dito pelo tio de Ian a rua era bastante movimentada, dava acesso ao porto e continha muitas barracas com os mais variados produtos.

Enquanto caminhavam, com certa dificuldade devido à quantidade de pessoas trafegando, os dois foram... - Ei! Ou, aloooé do norte, tufo seis peças de prata -... Abordados em diversos momentos... - Senhores papel, boa qualidade, bom preço! -... Por vendedores que ofereciam seus produtos de maneira... - Vão leva? Hã? Dois por uma de ouro. -... Rápida e, ás vezes, não muito compreensível. – Oia o cabo da mole Carmina ô qué?


Continua...


Um comentário:

  1. Pobres Coitados, vindos de terras longínquas, donos de uma inteligência insalubre, não sabe os horrores que Porto - Carmesim pode lhe reservar! Que Ilidia guie seus caminhos... ou que Nestafar faça com que seus despojos caiam em mãos propícias...

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